Qual é seu melhor cenário? E o pior?
O planejamento de cenários é um processo estruturado para imaginar como seria o futuro de um setor e seus players, tecnologias, mercados, necessidades dos clientes fatores-chave de sucesso e afins – e quais seriam as implicações desta evolução no ambiente competitivo para sua empresa e sua vantagem competitiva.
O planejamento de cenários é uma parte integrante do processo de planejamento estratégico de algumas empresas notadamente na Royal Dutch Shell, desde a década de 1960.
Essa ferramenta não é apenas um conjunto de previsões para o futuro. Sua utilidade reside no agrupamento de eventos inter-relacionados – Se algo acontecer, é provável que algo mais aconteça e algo além talvez até mesmo outro evento.
O planejamento pode ser feito quantitativa ou qualitativamente. No primeiro caso ele passa a se misturar com ferramentas de análise de sensibilidade e de valor esperado (Seção 9), Sendo a principal diferença o fato de o planejamento de cenário levar em conta variáveis diversas e inter-relacionadas, em combinações de incertezas, enquanto a análise de sensibilidade geralmente se concentra em uma variável de cada vez.
Se for feito qualitativamente o produto final contará uma história. Será uma narrativa fundamentada em pesquisas e análises, mas sempre será, na melhor das hipóteses, “ficção”. será a sua história de como situações importantes para seu negócio podem acontecer.
Veja a seguir um modelo de quatro fases para o planejamento de cenários (ver Figura 44.1):
O planejamento de cenário pode ter papel fundamental no perfil do player ideal – ver Ferramenta 38 desta seção.
O planejamento de cenários recebeu críticas de alguns acadêmicos devido à escassez de teoria ou pesquisas acadêmicas sobre o assunto. É uma ferramenta desenvolvida em campo, em grande parte pela Shell.
Mas o mesmo pode ser válido para muitas ferramentas contidas neste livro, e isso em nada as invalida. Elas funcionam. Se forem tão óbvias a ponto de os acadêmicos ainda não terem conseguido “colocá-las à prova” , será mais difícil.
Uma crítica mais séria diz respeito ao fracasso do planejamento de cenário típico ou pelo menos dos planos e orçamentos que surgem do processo, para prever e atenuar eventos, como o choque dos preços do petróleo em 1973, o atentado de 11 de setembro ou a crise de crédito de 2008. O assunto será retomado na Ferramenta 87, sobre eventos “Cisne Negro”.
VAUGHAN (2013, p. 165/166).
