80 – A espiral do conhecimento (Nonaka e Takeuchi)

A ferramenta

“O verdadeiro conhecimento está em saber que você não sabe nada”, disse Sócrates, em uma máxima útil para o mundo dos negócios. Há sempre mais para ser conhecido.
O conhecimento é um recurso que as empresas têm em maior ou menor grau e ao qual atribuem maior ou menor importância. A gestão do conhecimento é uma capacidade percebida por alguns estrategistas e, em alguns setores, como um ingrediente-chave de sucesso.
Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi consideram o processo de conversão do conhecimento a chave para a construção da base de conhecimento de uma empresa. Eles fazem a distinção entre dois tipos de conhecimento: tácito e explícito. O primeiro é subjetivo e tem base na experiência, difícil de expressar em palavras ou números, muitas vezes porque está relacionado com um contexto específico e é internalizado na forma de know how. O segundo é objetivo irracional, capaz de ser expresso externamente e, em geral, em palavras, números e até mesmo fórmulas.
As empresas precisam converter o conhecimento tácito em explícito para permitir a replicação de atividades bem-sucedidas em toda a organização. Nonaka e Takeuchi desenvolveram um modelo de um ciclo contínuo de quatro processos integrados para conversão do conhecimento: socialização, externalização, combinação e internalização. Porém, o processo de conversão deve se tornar mais que um ciclo, mais que uma espiral, uma vez que a base de conhecimento da empresa deve se aprofundar à medida que ela percorre esses quatro processos.
A transferência de conhecimento tácito de uma pessoa para outra é chamada de socialização. É um processo empírico e ativo e envolve a interação direta com colegas de trabalho, clientes e fornecedores. As pessoas compartilham experiências e adquirem habilidades e modelos mentais comuns. A socialização é principalmente um processo que ocorre entre indivíduos.
O processo de transformar o conhecimento tácito em explícito é chamado de externalização. É a articulação do conhecimento tácito de um ou mais indivíduos – clientes ou especialistas, por exemplo – em uma forma facilmente compreensível, em geral por meio do diálogo. As pessoas compartilham crenças e aprendem como articular melhor o pensamento por meio de feedback instantâneo e da troca de ideias. Trata-se de um processo entre indivíduos dentro de um grupo.
Uma vez que o conhecimento é explícito, ele pode ser transferido por meio da combinação. A transferência pode ocorrer por meio de documentos, e-mails, bancos de dados, bem como por reuniões e briefings. As principais etapas envolvem a coleta de conhecimento relevante e sua edição/processamento para torná-lo mais útil. A combinação permite a transferência de conhecimento entre grupos nas organizações.
A internalização é o processo de a transferência da compreensão e absorção do conhecimento explícito para o conhecimento tácito armazenado pelo indivíduo. A internalização é em grande parte empírica, e os conceitos e métodos são colocados em prática no próprio dia a dia ou por meio de simulações.

Como usá-la

Você pode estimular o funcionamento da espiral do conhecimento com workshops, bons para a externalização, e com uma cultura de partilha de experiências, ideias e crenças, seja no refeitório, por e-mail ou teleconferência.

Quando usá-la

Use-a quando achar que há bolsões de sabedoria respondidos nos porões de sua empresa que trariam benefícios para os outros se viessem à tona.

Quando ter cautela

Nem todo o tempo passado no refeitório pode ser classificado como produtivo!

VAUGHAN (2013, p. 285/286).

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