87 – Cisnes negros (Taleb)

A ferramenta

“Tão raro como um cisne negro” era uma frase comum nos tempos medievais.
Significava que o evento em questão era impossível, já que todos sabiam que os cisnes eram brancos e ponto final. Só que, no final do século XVII, cisnes negros mutantes foram descobertos na Austrália, e a frase passou a significar algo completamente diferente – uma suposta impossibilidade, que posteriormente acabaria possível.
Nassim Nicholas Taleb usa o termo cisne negro para descrever um evento muito raro, de tal magnitude e improbabilidade que as pessoas preferem ignorá lo. Elas o varrem para debaixo do tapete.
No entanto, quando um evento como esse acontece, parece bastante evidente se fizermos um exame em retrospectiva. Taleb específica 3 características dos eventos cisne negro. São elas:
  • Raros, na época são aparentemente improváveis ou mesmo impossíveis, ficam fora da curva de distribuição de probabilidade.
  • Causam profundo impacto.
  • Podem ser explicados e justificados retrospectivamente.
  • Assim, a crise financeira de 2008 foi um evento cisne negro (ver Figura 87.1). Os bancos de repente se viram sem liquidez em todo o mundo devido à exposição a um instrumento financeiro chamado hipotecas subprime. No entanto, em retrospecto, um colapso seria inevitável. Da mesma forma, a bolha das empresas pontocom seria um cisne negro. E até mesmo o atentado de 11 de setembro.
    De acordo com Taleb, vivemos no mundo de “mediocritão” , onde eventos raros não ocorrem, quando deveríamos estar vivendo um mundo de “extremistão”, onde os eventos imprevisíveis podem acontecer, mesmo com consequências devastadoras.
    Somos como perus, alimentados diariamente por agricultores aparentemente amáveis, sem dúvida alguma preocupados com o nosso bem-estar, até pouco antes do Natal, quando ocorre um raro e imprevisível evento, que tem efeito devastador e, neste caso, terminal em nossas vidas.
    Como os perus, não incluímos os eventos cisne negro em nossos planos. Eles não são programados nos modelos de previsão dos empresários, financistas, economistas e políticos.
    Mas podem e devem ser considerados e administrados.

    Como usá-la

    Reveja o gráfico de sóis e nuvens da ferramenta 83. Quais foram os riscos que você colocou no canto superior esquerdo? Alguns deles é um evento cisne negro – improvável, mas potencialmente devastador, o que pode ser explicado racionalmente em retrospecto?
    Se você tiver um evento assim, quais os passos que poderia adotar para gerenciar esse risco cisne negro? Usando os termos da matriz do gerenciamento de risco, da Ferramenta 85, de que escopo você precisa para:
  • Evitar totalmente o risco, talvez saindo do segmento?
  • Transferir o risco, em parte ou em sua totalidade, para seguradoras?
  • Reduzir o risco por meio de planos de contingência?
  • Se você optar por manter o risco cisne negro e varreu para debaixo do tapete, você estará confiando na sorte.

    Quando usá-la

    Havia pouco de novo na discussão sobre os cisnes negros que não tivesse sido previamente abordado em obras sobre gerenciamento de risco. A novidade era uma terminologia moderninha e a condenação em particular daqueles em Wall Street, que ignorarão a existência de riscos altamente improváveis, mas de impacto extremo, que podiam ser compreendidos em uma análise em retrospectiva. Mas já era tarde, e a catástrofe havia ocorrido.

    Quando ter cautela

    Não categorize todos os riscos de baixa probabilidade e de alto impacto como riscos Cisne Negro ou você jamais sairá da cama pela manhã.

    VAUGHAN (2013, p. 310/311).

    Figura 87.1  Cisnes negros: exemplo

    Fonte: adaptado de Nassim Nicholas Taleb. Fooled by Randomness:The Hidden Role of Chance in Life and in the Markets, Allen Lane,2022, [Iludido pelo acaso. Record 2010]

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